Oriente Médio • 4 de setembro de 2014

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Um grupo de imãs britânicos condenou o Estado Islâmico em uma sentença religiosa formal: "EI é uma organização extremista herética, e é religiosamente proibido (haram: termo usado no Islã para se referir a qualquer coisa que é proibida pela fé) apoiá-la ou unir-se a ela. Além disso, é obrigação para os muçulmanos britânicos opor-se ativamente a essa ideologia venenosa, especialmente quando ela for promovida no Reino Unido".

O documento foi assinado por seis líderes religiosos muçulmanos britânicos: os imãs supremos das duas mesquitas centrais de Leicester e Manchester, o imã supremo da mesquita de Makkah em Leeds, o codiretor da Associação dos Muçulmanos Britânicos, o fundador do Conselho Islâmico do Reino Unido e Usama Hasan, o autor da fatwa e diretor para questões teológicas da Fundação Quilliam, think tank (organização que difunde conhecimento sobre assuntos estratégicos), especializado em extremismo religioso muçulmano.

O texto diz ainda: "A perseguição e os massacres de muçulmanos xiitas, cristãos e yazidis são abomináveis e contrários aos ensinamentos islâmicos e à tolerância islâmica apresentada por grandes impérios, como o mongol e o otomano". Stephan Rosiny, especialista em Oriente Médio do Instituto Alemão para Estudos Globais e Regionais (Giga), de Hamburgo, acredita que o EI tem construído seu domínio sobre um arcabouço pseudorreligioso, criado a partir de fragmentos islâmicos arcaicos. "Isso inclui a proclamação do 'Segundo Califado Rashidun', que tenta, assim, dar continuidade aos quatro primeiros califas 'bem guiados' de 632 a 661. O primeiro sermão de sexta-feira do califa Ibrahim foi salpicado com símbolos religiosos dos primórdios do islã, com os quais se tenta despertar a aparência de autenticidade religiosa."

Essas emoções religiosas se reforçariam e confirmariam até certo ponto, na opinião do especialista, quando são associadas a sucessos militares como os obtidos até agora pelo Estado islâmico. É como se os resultados fossem a prova de que eles agem a serviço de Deus. Para derrotar o Estado Islâmico são necessárias duas coisas, aponta Rosiny: "Por um lado, força militar que interrompa e quebre essa cronologia de sucessos; e, por outro lado, autoridades teológicas que coloquem em questão a legitimidade religiosa. Só então a euforia religiosa dos jihadistas e o contínuo alistamento de novos combatentes poderão ser sustados".

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