29 de setembro de 2023

Logo usado do 2012 até início do 2023
Email Facebook Twitter WhatsApp Telegram

 

Pesquisa realizada no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP joga luz sobre a ação dos influenciadores que difundiram mensagens políticas nas redes sociais durante a campanha presidencial de 2022. A análise matemática das redes feita pelos pesquisadores revela, além da polarização entre direita e esquerda, que os grupos direitistas, mais isolados e muito mais coesos internamente, eram controlados por um número menor de influenciadores. Isso permitia uma hierarquia mais rígida nesses grupos, com poucas pessoas comunicando para um grande número de seguidores, tornando mais rápida a propagação coordenada de informações.

O trabalho também mostra que os grupos de esquerda, apesar de maiores em tamanho, tinham uma estrutura hierárquica menos clara, além de estarem mais misturados com outras comunidades on-line. As conclusões do estudo são detalhadas em artigo na revista científica Journal of Physics: Complexity, publicado em 13 de setembro.

Em entrevista ao Jornal da USP, o pesquisador Ruben Interian, do ICMC, autor do trabalho, acredita que as conclusões do estudo podem ser aplicadas para entender os acontecimentos em Brasília em 8 de janeiro deste ano.

O julgamento dos acusados de depredar as sedes dos Três Poderes, como parte de uma tentativa de golpe de Estado, começou no último dia 13 de setembro, no Supremo Tribunal Federal (STF). “É necessário esclarecer que, em um estudo dessa natureza, precisamos ter muito cuidado em apontar uma relação causal entre determinadas características da rede de interação em ambiente on-line e ações dessas pessoas no mundo real”, afirma. “Porém, parece claro que uma estrutura hierárquica e centralizada de comunicação facilita, ao menos em parte, ações radicalizadas de grandes grupos de pessoas com alto grau de coesão interna.”

Os dados analisados na pesquisa foram obtidos nas redes sociais (Twitter) durante os 15 dias que antecederam o primeiro turno das eleições presidenciais, realizado em 2 de outubro de 2022, até o dia do segundo turno, em 30 de outubro. “O primeiro objetivo da pesquisa era entender como evoluiu a polarização e radicalização na rede de interação de pessoas através do tempo, durante o período analisado”, explica Interian. “O segundo é comparar como ocorre a propagação de informações, por um lado, nessa rede toda e, por outro lado, dentro de cada uma das comunidades on-line. Queríamos entender quais grupos e quando foram capazes de realizar a propagação coordenada de informações antes e durante as últimas eleições brasileiras.”

Fonte

‎‎