Brasil • 14 de dezembro de 2014

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Uma juíza, um empresário do mercado popular e um produtor de programas na internet demonstraram em 2014 que pequenas ações podem transformar a vida de pessoas LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e transgêneros). Eles receberão, amanhã (15), o 13º Prêmio Arco-Íris de Direitos Humanos, da organização não governamental de mesmo nome, e entregue a entidades, ativistas e personalidades que se tornaram referência no país.

Entre os 13 prêmios que serão entregues, a webserie Positivos leva a categoria ativismo. Produzida de forma independente, o programa apresentou vivências e aflições de pessoas LGBT que convivem com HIV e aids. Com base em experiências e relatos recebidos pela internet, foram feitos 38 episódios que já receberam mais de 3 milhões de visualizações no Brasil e em países como Portugal e Argentina.

Exibida em três temporadas, a webserie culminou com uma campanha sugerindo cinco atitudes para diminuir a discriminação e o preconceito contra os soropositivos. “Percebemos que o maior problema de pessoas com HIV e aids era o isolamento”, disse o idealizador Daniel Pena. “Propusemos um acolhimento virtual, estimulando amizades, que as pessoas conversassem pela internet, perguntassem se a outra estava bem, se tinha tomado remédios, coisa de 10 minutos ”, contou sobre a campanha, com mais de 10 mil adesões.

Outra prática inovadora, reconhecida na categoria responsabilidade social, foi identificada no mercado popular Saara, no centro do Rio. A loja Babado da Folia, de artigos de carnaval, inovou ao contratar como vendedoras pessoas transexuais, normalmente preteridas pelo mercado de trabalho. “Esse é um dos poucos empreendimentos que contrata esse perfil. Sabemos o quanto é difícil para elas [travestis e transexuais] arrumar um emprego porque o preconceito é grande”, explicou a vice-presidenta da ong Arco-Íris, Marcelle Esteves.

No Poder Público, o destaque de 2014 foi para a juíza Mafalda Lucchese, da 1ª Vara de Família de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Segundo os organizadores do prêmio, a magistrada tem autorizado a troca do nome de transexuais no registro civil de nascimento, quando solicitado. “Independentemente do gênero, a pessoa tem o direito de usar o nome com o qual se identifica, como é conhecida. É uma questão de dignidade”, explicou a juíza.

Com as decisões da magistrada, segundo Marcelle Esteves, transexuais podem alterar todos os documentos, como carteira de identidade e passaporte, para fazer adequação de gênero. Serão homenageadas ainda a ativista Ana Moura, de Alagoas, na categoria visibilidade lésbica, além das atrizes Giovanna Antonelli e Tainá Muller, que interpretaram um casal homossexual em uma novela na TV. O filme Favela Gay, de Rodrigo Felha, que abordou a realidade de gays em comunidades do Rio, e a casa de espetáculos Buraco da Lacraia, na Lapa, também levam prêmios.

Com o reconhecimento, a organização não governamental quer “agradecer pela sensibilidade e pelo senso de humanidade na defesa dos direito humanos da população LGBT”, frisou Marcelle Esteves.

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