Agência Brasil

2 de junho de 2017

Email Facebook Twitter WhatsApp Telegram

 

Donald Trump
Imagem: Chairman of the Joint Chiefs of Staff.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a decisão de retirar o país do Acordo de Paris, que define os compromissos globais na luta contra os efeitos das mudanças climáticas. O anúncio, que foi transmitido ao vivo pela TV e por outros meios de comunicação, era especulado desde ontem pela imprensa americana.

Os termos e as condições da retirada deverão ser conhecidos progressivamente. Concretamente, o anúncio do presidente americano vai de encontro à decisão de líderes mundiais expressa recentemente na reunião de cúpula do G7 (grupo dos sete países mais industrializados do mundo) no sentido de apoiar o acordo climático.

Três dias depois do término da reunião, Donald Trump e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, trocaram críticas que refletiram a falta de entendimento sobre a manutenção do Acordo de Paris. A única voz dissonante quanto à necessidade de endossar os esforços ambientais foi justamente a dos Estados Unidos, que hoje oficializaram a posição de se retirar formalmente do tratado global.

Metas globais

Firmado em 2015, após mais de 10 anos de negociações infrutíferas para mitigar o efeito da atividade econômica no clima, o tratado foi assinado por 195 países e ratificado por 147, responsáveis por 80% das emissões –165 metas de redução já foram submetidas. Apenas Síria e Nicarágua ficaram fora.

Segundo maior emissor de gases depois da China, os Estados Unidos respondem por 18% do carbono lançado na atmosfera terrestre, ou 6,5 milhões de toneladas por ano. A saída americana torna ainda mais difíceis as metas do acordo, de reduzir o carbono na atmosfera de 69 bilhões de toneladas para 56 bilhões, e negociar novos objetivos para manter, até 2100, o aquecimento global no nível tolerável, inferior a 2 graus Celsius (°C).

A saída norte-americana poderá levar outros países a rever sua participação no acordo. Pelas metas submetidas, já é incerto que o nível tolerável seja atingido. Reduzirão as emissões do nível atual, que aqueceria o planeta 4,2 °C, para apenas 3,3 °C, segundo análise do Climate Interactive. Sem os Estados Unidos, esse patamar poderá facilmente subir para acima de 3,5 °C, ou mesmo 3,8 °C.

De acordo com previsão de cientistas, as consequências para o clima da Terra poderão ser catastróficas, com o derretimento de geleiras, elevação do nível do mar e maior intensidade de eventos extremos como tempestades, enchentes, secas e furacões.

Cenários

Estudo publicado na revista Nature estima, neste cenário, queda de 23% na renda média global até 2100, com aumento de desigualdade, graças sobretudo ao impacto na atividade agrícola e na produtividade. O Banco Mundial previu que, até 2030, mais de 100 milhões de pessoas podem voltar à pobreza se nada for feito para mitigar as mudanças climáticas.

Nos Estados Unidos, fração considerável da opinião pública e do Partido Republicano, pelo qual Trump foi eleito, rejeita o consenso científico sobre esse impacto e tem dúvidas sobre o efeito da atividade humana no clima do planeta, além de rejeitar argumentos econômicos favoráveis à adoção de formas limpas de geração de energia.

Fontes