1 de abril de 2020

Roraima, no norte do Brasil.
Email Facebook Twitter WhatsApp Telegram

 

Preocupados com o desenvolvimento da pandemia de COVID-19, os índios de Roraima estão impedindo o acesso de veículos e não-índios ao seu território. Segundo o Conselho Indígena de Roraima (CIR), pelo menos 25 comunidades bloquearam o tráfego e proibiram a entrada de estrangeiros. Como as estradas bloqueadas levam a outros grupos, o número de aldeias que tentam se isolar pode ser maior que o número registrado pelo órgão, que afirma trabalhar com 241 comunidades indígenas.

Até esta manhã, o estado confirmou 16 casos confirmados da doença, um dos quais é suspeito e 62 notificações foram descartadas. Dos pacientes com resultado positivo, 13 estão em Boa Vista e 3 na cidade de Bonfim. Um dos pacientes ainda está isolado no Hospital Geral de Roraima Rubens de Souza Bento. Os funcionários ouvidos pela Agência Brasil confirmaram a iniciativa dos indígenas, mas garantiram que os bloqueios de estradas fossem feitos pelos becos próximos à comunidade e, até o momento, não havia obstáculos nas rodovias estaduais ou federais.

Líderes comunitários afirmaram que “durante este período turbulento, a estrada que dá acesso à vila passará a ficar fechada, sem possibilidade de ser aberta para ninguém”. Enock Taurepang, coordenador-geral do CIR, disse à Agência Brasil que “barreiras já foram erguidas na entrada de algumas terras indígenas, no acesso às comunidades. Isso porque pessoas das cidades, principalmente de Boa Vista, estavam indo para a zona rural como que para passar férias. Muitas vezes, eram pessoas sem qualquer tipo de informação, que não receberam as orientações devidas, o que nos deixou muito preocupados”.

A medida segue as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) conforme as tribos. A Associação Comunidade Waimiri Atroari decidiu suspender o controle de tráfego de automóveis na BR-174: “a situação de pandemia de covid-19 e a necessidade excepcional de necessária colaboração, razoabilidade e proporcionalidade nas ações de exercícios dos direitos garantidos à população indígena”. Ainda assim, “considerando a necessidade de adoção de medidas excepcionais de segurança da saúde”, “continua vedado o acesso de pessoas não autorizadas às aldeias e postos de fiscalização e apoio localizados na Terra Indígena Waimiri Atroari, sendo permitido somente o tráfego de veículos pela BR-174”.

Segundo Enock, coordenador do CIR, “comunidades indígenas já começam a ser afetadas por toda esta situação, pois estão suspendendo seus trabalhos comunitários e regionais. Temos como nos manter dentro destas comunidades por algum tempo, mas como não há como prever até quando tudo isto vai durar e por quanto tempo será possível permanecermos assim, isolados. Estamos preocupados”.

Fontes