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Revisão das 23h50min de 2 de agosto de 2020

2 de agosto de 2020

Imagem meramente ilustrativa.
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Com aproximadamente 17,2 milhões de pessoas morando no Rio de Janeiro, o governo estadual só realizou testes para checar a presença do novo coronavírus em menos de 5% da população. Mesmo com poucos testes, o decreto que proíbe as aulas presenciais na rede estadual de ensino só vale até o próximo dia 5 de agosto.

Os colégios estaduais ainda não têm data para retomar as aulas, já que o decreto ainda pode ser ampliado e a decisão depende das prefeituras. Na capital, o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) já liberou a facultativa da reabertura das escolas particulares, o banho de mar e ampliou o horário de funcionamento de bares e restaurantes.

Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES), a rede pública fez 813.560 testes no total. Foram 736.960 testes rápidos e apenas 76,6 mil testes PCR, que segundo os especialistas são os mais indicados para verificar se o paciente está com a Covid-19 no momento do exame.

Do total de testes feitos pelo governo estadual, 586.960 kits para exames foram distribuídos pelo Ministério da Saúde (MS). Ou seja, desconsiderando a ajuda federal, o estado só comprou 226.600 testes com recursos próprios.

No início de abril, o então secretário estadual de Saúde do Rio de Janeiro, Edmar Santos, anunciou em coletiva de imprensa que o RJ tinha comprado 1,2 milhão de kits de testagem rápida. Mas o número atual de testes realizados não bate com o anuncio feito pelo ex-chefe da pasta.

Tanto Edmar Santos, como o ex-subsecretário Gabriell Neves, são investigados por irregularidades em compras emergenciais – sem licitação – de 820 mil testes rápidos para detectar Covid-19. O total gasto para adquirir os testes foi de R$ 129,6 milhões.

Especialistas dizem que a estratégia mais eficiente para monitorar a evolução da doença e indicar como deve ser feito o processo de flexibilização das regras de isolamento social é a testagem em massa da população.

Quanto mais a gente testar melhor vai ser a avaliação, mais informação a gente vai ter, até mesmo para que a gente possa identificar o mais rápido possível os pacientes e isolar os contaminados. Nesse cenário de flexibilização, é fundamental aumentar o número de testes

—disse o diretor médico do Grupo Dasa, Gustavo Campana

Para Helio Magarinos Torres Filho, diretor médico do Laboratório Richet, os exames mais eficientes para verificar a presença do vírus não custam tão caro, quando são comprados em grande quantidade. Na opinião dele, faltou organização dos gestores para uma estratégia de testagem mais ampla.

Aqui a questão talvez foi de falta de organização. Só cinco meses depois da chegada do vírus é que os laboratórios (da rede pública) conseguiram fazer uma quantidade maior de exames

—, comentou Helio

Como forma de comparação, o governo alemão testava cerca de 500 mil pessoas por semana nos meses de pico da doença. Mesmo considerando as dimensões de um país como a Alemanha, em comparação com um estado, é possível notar que foram adotadas estratégias diferentes de testagem em massa da população.

Segundo um relatório publicado na revista científica "Nature", uma das mais importantes do mundo, a menor taxa de mortalidade por Covid-19 está diretamente associada a maior quantidade de testes realizados e a eficácia dos governos.

União diz que enviou mais testes

O Ministério da Saúde apresentou um número diferente de exames realizados no estado do Rio de Janeiro. Segundo o órgão federal, eles enviaram à Secretaria Estadual de Saúde do RJ um total de 1.237.272 testes.

Deste total, foram 588.392 de PCR e 648.880 testes rápidos. A última remessa direcionada ao Rio de Janeiro foi enviada no dia 28 de julho.

  • Total de testes enviados pelo MS: 1.237.272
  • Total de testes enviados pelo MS, segundo a SES: 586.960
  • Total de testes PCR aplicados pelo RJ: 76.600
  • Total de testes PCR enviados pelo MS: 588.392

Segundo o ministério, os testes são enviados para os estados aos poucos, devido a capacidade reduzida de armazenamento de cada laboratório. O órgão federal lembrou ainda que a distribuição dos testes PCR para Covid-19 está sendo elaborada conforme solicitação, via Sistema de Insumos Estratégicos em Saúde (SIES).

A Secretaria de Saúde do RJ informou ainda que está previsto o envio de mais testes rápidos, sorológicos e kits PCR pelo MS aos estados, incluindo o Rio de Janeiro.

Especialista aponta falhas

Para o infectologista Fernando Chapermann, professor da PUC-Rio, o Brasil e o Rio de Janeiro deveriam aprender com exemplos de outros países. Para ele, a falta de testagem em massa é um exemplo disso.

"Testes positivos confiáveis, poderiam ser utilizados para isolar casos positivos, manter esse grupo de quarentena, e orientar adequadamente a população. Mas o que preferimos fazer: casos suspeitos eram mandados de volta para suas casas, para ficarem aglomerados e sem o adequado distanciamento social, tornando o ambiente das casas um caldeirão de Coronavirus, ambiente ideal para disseminação e transmissão do virus".

Conseguimos falhar em todas as etapas: na identificação do caso, na seleção do caso, na testagem, na orientação e no cuidado da pessoa e da família

—, Chapermann

Apesar das críticas, o infectologista acredita que as medidas de flexibilização que vem sendo adotadas no Rio de janeiro não deverão retroceder. O médico acha que vamos aprender a conviver com o coronavírus, assim como aprendemos a conviver com outros vírus que não possuem vacina.

"Costumo citar o vírus sincicial respiratório - VSR, um pneumovirus, causador da temida bronquiolite viral. É uma causa de cerca de 60 mil casos por ano no Brasil, com cerca de 6 mil mortes. Não temos vacina, e acomete principalmente crianças até dois anos. No mundo são contabilizados cerca de 60 milhões de casos de bronquiolite anualmente com cerca de 160 mil mortes. Não vencemos o coronavírus ainda. Mas temos nosso sistema imunitário, capaz de nos proteger e de gerar uma imunidade permanente. Precisamos acreditar no nosso sistema imunológico. Como tudo que é humano, ele não é perfeito, tem falhas. Mas vem nos protegendo enquanto humanidade e enquanto seres vivos há milhares de anos", comentou Chapermann.

Fontes