Em São Paulo, risco de queda de árvores é influenciado por altura de prédios no entorno e idade do bairro, diz pesquisa

17 de agosto de 2022

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Jornal da USP

Estudo publicado na revista Urban Forestry & Urban Greening aponta que os fatores que mais influenciam e aumentam o risco de queda de árvores na cidade de São Paulo são a altura dos prédios no entorno e a idade do bairro. Em seguida, estão a largura da calçada e a altura da árvore. Segundo dados do artigo, a queda de árvores em ruas e avenidas com edificações de cinco ou mais andares é o dobro da média registrada na cidade. Também aumenta nos distritos criados há mais de quatro décadas. Além disso, o risco sobe para árvores acima de 9,58 metros e plantadas em calçadas planas. Por outro lado, regiões mais novas e com baixa altura de construção têm 37% menos casos.

Os pesquisadores analisaram 26.616 registros de quedas de árvores nos 96 distritos da capital durante oito anos. Entre 2013 e 2021, foram perdidas cerca de 4% das 652 mil árvores existentes na área urbana. Houve variação entre as regiões de 0,59%, registrado no extremo sul, a 17%, no centro. Esse é o primeiro trabalho a avaliar um conjunto de dados abrangentes sobre o tema. A metodologia e as conclusões da pesquisa serão aplicadas em programas de manejo e planejamento de arborização urbana na capital.“Usamos técnica de inteligência artificial com foco na aplicação prática dos resultados. Com isso, conseguimos apontar, por exemplo, a partir de qual altura das edificações e das árvores o risco aumenta, elevando o nível de atenção”, diz o autor correspondente do artigo, Giuliano Locosselli, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da USP, em Piracicaba, e do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA).

Para a assessora técnica da Divisão de Arborização Urbana da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da Prefeitura de São Paulo, Priscilla Cerqueira, os critérios apontados no estudo vão contribuir para melhorar a avaliação da saúde das árvores. “É possível compartilhar os dados com servidores técnicos e com as empresas contratadas que fazem o manejo. Será possível aperfeiçoar a prioridade estabelecida nos distritos, sob competência das subprefeituras, com base nos fatores de risco de queda”, afirma à Agência Fapesp a assessora, que também é uma das autoras do artigo. Desde 2020, com a Lei nº 17.267/2020, que excluiu a exigência de publicação da autorização de poda no Diário Oficial, as equipes técnicas têm ampliado a área de avaliação para quarteirões ou toda a rua ao fazer os atendimentos. “Estamos desenvolvendo um sistema único de arborização, previsto no Plano Municipal de Arborização Urbana, onde será possível disponibilizar essas informações”, complementa Priscilla.

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