6 de junho de 2021

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Os Estados Unidos e a União Europeia manifestaram preocupação com a decisão da Nigéria de proibir acesso à rede social Twitter após a companhia ter apagado um “tweet” da conta do presidente por alegadamente violar as suas regras.

Grupos internacionais de direitos humanos também condenaram a decisão que se segue a tentativas prévias do governo nigeriano controlar as redes sociais.

Os operadores de telecomunicações da Nigéria cumpriram a ordem do governo de sexta-feira para suspenderem o acesso ao Twitter por tempo indefinido.

As embaixadas da União Europeia, Estados Unidos, Grã Bretanha, Canadá e Irlanda publicaram uma declaração conjunta condenando a suspensão, afirmando que “proibir sistemas de expressão não é a resposta”.

A declaração faz notar que a proibição surge numa altura em que “a Nigéria precisa de fortalecer a inclusividade do diálogo e a expressão de opiniões bem como compartilhar informação vital nesta altura da pandemia da Covid-19”.

Na quarta-feira o Twitter eliminou uma declaração do presidente Muhammadu Buhari em que este avisou uma organização separatista ilegal do sudeste do país e pessoas envolvidas em recentes actos de violência nessa região que o governo irá responder “ na linguagem que eles entendem”, recordando que ele próprio esteve envolvido na guerra civil contra separatistas do Biafra, nessa zona da Nigéria, no final da década de 1960

Na guerra civil de 1967 a 1970 a favor da independência do Biafra, defendida pela etnia Igbo, mais de um milhão de pessoas morreram e o actual Presidente Mouhammadu Buhari participou do lado da sua etnia Fulani.

Nos últimos meses, separatistas pró-Biafra foram acusados de atacar a polícia e sedes do Governo.

Um porta voz do governo nigeriano negou que a suspensão do Twitter esteja relacionada com a remoção do tweet do presidente.

“Tem havido uma série de problemas com essa plataforma das redes sociais na Nigéria onde desinformação e notícias falsas divulgadas através dela têm tido consequências violentas no mundo real”, disse o porta-voz para quem a decisão de remover o tweet do presidente foi “decepcionante”.

O porta-voz disse ainda que as principais companhias das redes sociais “tem que estar cientes das suas responsabilidades”.

A Twitter disse estar “profundamente preocupada” com a decisão do governo nigeriano e que vai trabalhar para restaurar o acesso na Nigéria à sua plataforma.

A Amnistia Internacional condenou a suspensão e apelou à Nigéria para “anular imediatamente essa suspensão ilegal”.

Para esta organização de direitos humanos “esta acção repressiva é uma tentativa clara de censurar a dissidência e sufocar o espaço cívico”.

Fontes