Cuba suspende as tarifas de importação sobre alimentos e medicamentos em meio a protestos generalizados

16 de julho de 2021

Protesto em solidariedade a Cuba em Naples, Flórida, Estados Unidos em 13 de julho de 2021

 

Cuba suspendeu as tarifas de importação de alimentos, remédios e produtos de higiene pessoal na noite de quarta-feira, uma concessão oferecida após os maiores protestos na ilha em décadas contra a escassez, interrupções, aumento de preços e o manejo da pandemia de COVID-19 pelo governo comunista.

O anúncio foi feito pelo Primeiro-Ministro cubano e Líder do Politburo do Partido Comunista de Cuba, Manuel Marrero Cruz, na Mesa Redonda Internacional. Os direitos serão dispensados sobre quantidades ilimitadas de importações não comerciais de "produtos de higiene, alimentos e medicamentos" a partir de segunda-feira, segundo a Al Jazeera, e está prometido ser reavaliado em 31 de dezembro, quando estão prestes a expirar, segundo a BBC.

As pessoas que chegam ao país caribenho podem atualmente trazer até dez quilos de remédios com isenção de impostos, mas pagam por um número limitado de alimentos e produtos de higiene. De acordo com a BBC, tais medidas foram inicialmente introduzidas para reprimir os conhecidos coletivamente como "mulas" (s), que transportavam mercadorias do exterior e moedas que os cubanos não podiam obter nas lojas do governo.

Marrero Cruz qualificou a dispensa de tributação como "uma exigência da coletividade e era preciso tomar essa decisão".

Houve manifestações e protestos anti e pró-governo em todo o país em meio a uma grave crise econômica, induzida por uma má colheita de açúcar, o colapso do setor de turismo como resultado da pandemia e ineficiências na economia administrada de forma centralizada, de acordo com a Al Jazeera e a Associated Press (AP). Chamadas foram feitas por manifestantes para aumentar a vacinação contra o coronavírus e acabar com a escassez e interrupções frequentes. Também havia insatisfação com o Partido Comunista no poder.

O governo cubano culpou os Estados Unidos e a mídia social pelos recentes distúrbios, mas seu presidente Miguel Díaz-Canel reconheceu que o governo tem falhas. Em discurso na televisão estatal, Díaz-Canel disse que "distúrbios" obrigam o governo a "fazer uma análise crítica de nossos problemas para agir e superar e evitar que se repitam".

De acordo com a AP, o ministro da Economia, Alejandro Gil, anunciou separadamente diretrizes que serão definidas nas próximas semanas para permitir a criação de pequenas e médias empresas e outras que darão aos diretores de empresas estatais a capacidade de fixar salários acima das diretrizes atuais.

A polícia fez prisões sob a acusação de desordem pública, agressão, roubo ou danos, de acordo com a Associated Press.

Notícia relacionada

• "Protestos raros em Cuba em meio a crises econômicas do Coronavírus", Wikinotícias, 12 de julho de 2021.
• "Autoridades cubanas bloqueiam o acesso à Internet em resposta a protestos", Wikinotícias, 13 de julho de 2021.

Fonte

• ((en)) Cuba protests: Tax on food and medicine imports lifted — BBC News Online, 15 de julho de 2021  
• ((es)) Informan nuevo tratamiento arancelario de importación de aseo, alimentos y medicamentos ^[inativa] — Aduana General de la Republica, 15 de julho de 2021. Página visitada em 16 de julho de 2021. Arquivada em 15 de julho de 2021  
• ((en)) Cuba lifts food, medicine customs restrictions amid protests — Aljazeera, 15 de julho de 2021  
• ((en)) Cuba’s president says government has some blame for protests — Associated Press, 15 de julho de 2021  
• ((en)) Andrea Rodriguez. EXPLAINER: Causes of the protests in Cuba — Associated Press, 14 de julho de 2021