22 de março de 2021

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Por Brasil de Fato

Um dos argumentos mais comuns do governo de Bolsonaro contra as medidas de distanciamento social é a necessidade de proteger os empregos e a renda dos cidadãos e "não tornar o mercado infeliz". No contexto da pandemia de covid-19, o dilema entre saúde e economia está errado. Esta é uma carta assinada por 200 economistas e membros do mercado financeiro neste domingo (21), intitulada O País Exige Respeito; a Vida Necessita da Ciência e do Bom Governo.

"Mesmo países que optaram inicialmente por evitar o lockdown terminaram por adotá-lo, em formas variadas, diante do agravamento da pandemia. (...) A recuperação econômica, por sua vez, (...) depende da retomada de confiança e maior previsibilidade da situação de saúde no país. Logo, não é razoável esperar a recuperação da atividade econômica em uma epidemia descontrolada", o texto diz.

Esta carta foi emitida no auge da pandemia no Brasil. No Brasil, mais de 292,7 mil pessoas morreram e cerca de 5% da população foi vacinada.O presidente Jair Bolsonaro (apartidário) insistiu em se opor a quaisquer medidas que restrinjam a circulação de pessoas.

O texto lembra que países com baixo desempenho econômico têm mais mortes do que covid-19.

Entre os signatários desta carta estão quatro ex-ministros da Fazenda: Marcilio Marques Moreira, Pedro Maran, Mailson da Nóbrega e Ruben Ricupero. Também foram assinados cinco ex-governadores de bancos centrais: Afonso Celso Pastore, Armínio Fraga, Gustavo Loyola, Ilan Goldfajn e Pérsio Arida.

Com a disseminação do vírus, o prefeito e o governador que implementaram as medidas de quarentena foram criticados por Bolsonaro, o que dificultou a implementação dessas medidas.

"Para maximizar a efetividade das medidas tomadas, é indispensável que elas sejam apoiadas, em especial pelos órgãos federais. Em particular, é imprescindível uma coordenação em âmbito nacional que permita a adoção de medidas de caráter nacional, regional ou estadual, caso se avalie que é necessário cercear a mobilidade entre as cidades e/ou estados ou mesmo a entrada de estrangeiros no país", dizem os economistas.

"A necessidade de adotar um lockdown nacional ou regional deveria ser avaliado. É urgente que os diferentes níveis de governo estejam preparados para implementar um lockdown emergencial, definindo critérios para a sua adoção em termos de escopo, abrangência das atividades cobertas, cronograma de implementação e duração", acrescentaram.

A carta aberta também menciona a necessidade de um auxílio emergencial para atender às necessidades daqueles que perderam renda durante a pandemia. Finalmente, também enfatizou a importância da obtenção de vacinas para abreviar a crise de saúde.

"O ritmo de vacinação no país é insuficiente para vacinar os grupos prioritários do Plano Nacional de Imunização (PNI) no 1º semestre de 2021, o que amplia o horizonte de vacinação para toda a população para meados de 2022. As consequências são inomináveis", acrescentaram os economistas como um alerta.

"Os recursos federais para compra de vacinas somam R$ 22 bilhões, uma pequena fração dos R$ 327 bilhões desembolsados nos programas de auxílio emergencial e manutenção do emprego no ano de 2020. Vacinas têm um benefício privado e social elevado, e um custo total comparativamente baixo", foi acrescentado.


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