7 de junho de 2020

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Após mais uma divulgação tardia, feita pelas 23 horas da noite ontem, o Ministério da Saúde (MS) anunciou que entre os dias 05 e 06 houve 904 novas mortes por COVID-19 e 27.075 novos casos de infecção. Os óbitos chegam, assim, ao total de 35.930. Horas antes, o Jornal Nacional, que havia feito um um levantamento junto às Secretarias Estaduais por não ter acesso aos dados do MS, havia divulgado que o Brasil fecharia a semana com 35.919 óbitos.

Em seu Twitter ontem, o presidente Jair Bolsonaro tentou explicar a divulgação tardia: “O MS adequou a divulgação dos dados sobre casos e mortes relacionados ao Covid-19. Para evitar subnotificação e inconsistências, o MS optou pela divulgação às 22h, o que permite passar por esse processo completo. Na divulgação entre 17h e 19h, ainda havia risco de subnotificação. Os fluxos estão sendo padronizados e adequados para melhor precisão”.

Governo cria polêmica com imprensa e estados

Apesar da explicação dada pelo presidente, a imprensa e usuários do Twitter e do Facebook acreditam que a falta de dados e a divulgação tardia são estratégias para evitar que eles sejam divulgados nos telejornais noturnos, uma vez que Bolsonaro mesmo já havia dito há dois dias que "acabou matéria no Jornal Nacional", numa referência de que o atraso seria para evitar a exposição dos números relativos à pandemia durante o horário nobre da Rede Globo. A estratégia desagradou até o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, que falou ontem que “não informar significa o estado ser mais nocivo que a doença, mais nocivo do que o vírus”.

O MS também anunciou uma recontagem total dos números, o que foi criticado pelo CONASS (Conselho Nacional de Secretários de Saúde), que emitiu uma nota oficial com o título “CONASS repudia acusação de manipulação de dados sobre Covid-19”. “O CONASS repudia com veemência e indignação as levianas afirmações do Secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Carlos Wizard. Ao afirmar que Secretários de Saúde falseiam dados sobre óbitos decorrentes da Covid-19 em busca de mais “orçamento”, o secretário, além de revelar sua profunda ignorância sobre o tema, insulta a memória de todas aquelas vítimas indefesas desta terrível pandemia e suas famílias. A tentativa autoritária, insensível, desumana e antiética de dar invisibilidade aos mortos pela Covid-19, não prosperará. Nós e a sociedade brasileira não os esqueceremos e tampouco a tragédia que se abate sobre a nação”, dizia parte da nota.

Leia a nota completa aqui: http://www.conass.org.br/conass-repudia-acusacao-de-manipulacao-de-dados-sobre-covid-19/

Tentativa de melhorar imagem do Brasil?

O anúncio da revisão total dos dados, que foram removidos do website especial Covid Brasil, veio um dia após o país ter sido criticado abertamente pelo presidente americano Donald Trump, que foi enfático em dizer que a estratégia adotada pelo governo brasileiro para lidar com a pandemia teria matado cerca de 2,5 milhões de pessoas nos Estados Unidos. “São tempos duros no Brasil”, disse.

Trump e Bolsonaro, inicialmente, tinham idéias alinhadas em relação à pandemia, como serem contra o distanciamento e o isolamento social para não causar prejuízos à Economia. Eles também continuam concordando sobre o uso da cloroquina para curar COVID, medicamento que já foi descartado como eficaz por associações médicas brasileiras e por pesquisadores de Oxford, que conduziram um estudo especial desde março. “Ela não traz nenhum benefício”, disseram os pesquisadores de Oxford dias atrás.

Cenário é sombrio para o Brasil

Com uma taxa de mortalidade consolidada de cerca de 6,5% e com mais de 300 mil casos de COVID ativos (pacientes em tratamento), o Brasil pode ter cerca de 20 mil mortes ainda nos próximos 5 a 10 dias - e isto apenas se as cifras de novas infecções não subirem substancialmente, o que é difícil de prever, já que apenas nos dias 05 e 06 foram registradas, respectivamente, 30.830 e 27.075 novas infecções.

Além disto, nos próximos dias o Brasil também deve chegar em 2º no “Mapa do Coronavírus” da JHU, ocupando o lugar do Reino Unido, atualmente com 40.548 óbitos.

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Fontes