6 de agosto de 2022

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O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, chega à África do Sul no domingo, no que analistas dizem ser uma tentativa de combater a influência chinesa e russa na região.

As relações entre os EUA e a África do Sul ficaram tensas durante o mandato do presidente Donald Trump. O presidente Joe Biden se esforçou para repará-las, mas a invasão da Ucrânia pela Rússia provou ser controversa.

A segunda viagem do secretário de Estado à África, e sua primeira à África do Sul - a economia mais desenvolvida do continente e um importante aliado democrático - ocorre após uma enxurrada de visitas de altos funcionários chineses e russos.

Analistas dizem que, depois de desconsiderar a África por algum tempo, os EUA agora estão tentando se recuperar e tentar combater a crescente influência de Pequim e Moscou na região, no que alguns dizem ter elementos de uma nova "Guerra Fria".

Washington também quer construir apoio para a Ucrânia, já que muitos governos africanos relutam em condenar a invasão da Rússia, em parte devido ao apoio da União Soviética aos movimentos de libertação africanos durante os anos em que o continente se livrou do domínio colonial europeu.

Steven Gruzd, membro do Instituto Sul-Africano de Assuntos Internacionais, disse duvidar que a África do Sul seja pressionada a criticar a Rússia, sua parceira, junto com a China, no grupo de países do BRICS.

Bob Wekesa, diretor do Centro Africano para Estudo dos Estados Unidos da Universidade Witwatersrand em Joanesburgo, observou que a influência da China na África cresceu consideravelmente. A Rússia também, em um grau muito menor, fez investimentos no continente, e o ministro das Relações Exteriores, Sergey Lavrov, fez uma visita a quatro países da África no mês passado.

"É verdade que existe alguma forma de Guerra Fria, mesmo que não seja o tipo de Guerra Fria que vimos no final da Segunda Guerra Mundial, mas é uma forma de competição geopolítica e os EUA devem, portanto, estar preparados para parece estar competindo com outras potências por influência na África", disse Wekesa.

Nontobeko Hlela, pesquisadora do Instituto Tricontinental de Pesquisa Social, disse que os comentários negativos sobre a África e outros países em desenvolvimento do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, não melhoraram as relações.

"Os EUA terão que trabalhar duro para voltar atrás em algumas decisões políticas e declarações feitas pelo ex-ocupante da Casa Branca", disse Hlela.

Enquanto estiver na África do Sul, Blinken visitará o famoso município de Soweto, em Joanesburgo, outrora lar do primeiro presidente democrático Nelson Mandela, além de participar das comemorações do Dia da Mulher na África do Sul.

Na segunda-feira, ele se reunirá com o colega sul-africano Naledi Pandor e lançará a nova Estratégia dos EUA para a África Subsaariana. Mudanças climáticas, comércio, saúde e insegurança alimentar serão tópicos de discussão.

O principal diplomata dos Estados Unidos segue então para a República Democrática do Congo e Ruanda, que estão no meio de um conflito.

Fontes