"Pode ser que a chance seja zero", diz Bolsonaro sobre a eficácia da cloroquina, que defendia como cura da covid-19

5 de fevereiro de 2021

link=mailto:?subject="Pode%20ser%20que%20a%20chance%20seja%20zero",%20diz%20Bolsonaro%20sobre%20a%20eficácia%20da%20cloroquina,%20que%20defendia%20como%20cura%20da%20covid-19%20–%20Wikinotícias&body="Pode%20ser%20que%20a%20chance%20seja%20zero",%20diz%20Bolsonaro%20sobre%20a%20eficácia%20da%20cloroquina,%20que%20defendia%20como%20cura%20da%20covid-19:%0Ahttps://pt.wikinews.org/wiki/%22Pode_ser_que_a_chance_seja_zero%22,_diz_Bolsonaro_sobre_a_efic%C3%A1cia_da_cloroquina,_que_defendia_como_cura_da_covid-19%0A%0ADe%20Wikinotícias Facebook Twitter WhatsApp Telegram

 

"Pode ser que lá na frente falem que a chance é zero, que era um placebo. Tudo bem. Paciência. Me desculpa. Tchau. Pelo menos não matei ninguém", disse o presidente Jair Bolsonaro ontem durante uma live, admitindo pela primeira vez que há dúvidas sobre a eficácia da cloroquina no tratamento da covid-19 - comprovadamente, diversos estudos realizados em vários países, como no Reino Unido e no Brasil, onde a pesquisa foi conduzida com a ajuda da Fiocruz Amazônia, já provaram que o medicamento não tem qualquer efeito para evitar a contaminação ou melhorar os sintomas causados pelo Sars-CoV-2.

No vídeo, ele também se mostrou irritado em ser chamado "Capitão Cloroquina" e "genocida", o que levou os internautas a fazerem mais brincadeiras, colocando o termo "Capitão Cloroquina" nos tópicos-tendência do Twitter.

O governo Bolsonaro investiu milhões na compra e fabricação, pelo Exército, de comprimidos de cloroquina.

O Exército brasileiro chegou a ter que prestar contas ao Tribunal de Contas da União (TCU) sobre a produção, tendo um representante dito que fabricação teria ocorrido a pedido de Bolsonaro para dar "esperança a milhares de corações aflitos com o avanço e os impactos da doença no Brasil e no Mundo”. A compra de cloroquina também envolveu superfaturamento, uma vez que o valor pago foi 167% maior do que o pago à mesma empresa importadora em 2019.

Estima-se que haja milhões de comprimidos do medicamento hoje estocados do Brasil, já que nem todos os médicos aderiram ao "kit covid", sendo que este estoque pode ser mais que suficiente para tratar brasileiros doentes de malária e artrite - para o que o remédio é indicado - por cerca de dez anos, não fosse o inconveniente do produto ter prazo de validade.

O kit covid

O "kit covid", como ficou conhecido popularmente, é um conjunto de alguns medicamentos que passaram a ser recomendados pelo Ministério da Saúde para cura da covid-19 após o general, sem formação na área da Saúde, Eduardo Pazuello, assumir a pasta. A medida foi uma das primeiras implantadas por Pazuello, atendendo à um pedido - e pressão - de Bolsonaro.

O "kit covid", além da cloroquina, contém um vermífugo - ivermectina ou nitazoxanida - e um antibiótico - azitromicina - e é recomendado oficialmente como "tratamento precoce para covid-19".

A Anvisa, no dia em que liberou as vacinas CoronaVac e ChAdOx1 no Brasil, disse em rede nacional, no entanto, que não existe qualquer tratamento precoce para covid, o que já vinha sendo noticiado também por associações médicas brasileiras desde meados de 2020.

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Fontes